ANRPC revisa projeções da borracha natural para 2025: demanda chinesa por veículos elétricos pressiona consumo
Produção mundial de borracha natural cresce apenas 0,5 % em 2025, enquanto o consumo sobe 1,3 %. A demanda por pneus de veículos elétricos na China elevou o consumo para 619,7 mil toneladas em maio, ampliando o déficit e a volatilidade.

Em seu relatório de maio, a Associação dos Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC) revisou as projeções para 2025: a produção global deve subir apenas 0,5 %, alcançando 14,892 milhões de toneladas, enquanto o consumo crescerá 1,3 %, para 15,565 milhões. O déficit estrutural que já pressionava o mercado se aprofunda, reforçando a tendência de preços elevados e maior volatilidade. A revisão para baixo reflete a conjunção de fatores climáticos adversos na Tailândia, com queda de 4 % na produção de maio, e a desaceleração econômica em importantes economias.
A mesma atualização evidenciou que a demanda chinesa – sobretudo de montadoras de veículos elétricos – está puxando a curva de consumo. De acordo com a ANRPC, o consumo chinês de borracha natural chegou a 619,7 mil toneladas em maio, impulsionado pela recuperação das fábricas de pneus e pela aceleração das vendas de carros elétricos. A participação dos veículos elétricos no mix de produção de pneus vem crescendo rapidamente, e grandes fabricantes estão reconfigurando linhas de produção para atender a especificações de EV, o que aumenta o consumo de borracha natural de alta performance.
O contraste entre a demanda aquecida e a oferta contida é agravado por eventos climáticos e geopolíticos. A Tailândia, maior produtora mundial, enfrenta chuvas irregulares e doenças foliares que reduziram a produção em 4 % em maio. Outros países produtores, como Vietnã e Camboja, conseguiram avanços mensais, mas não suficientes para neutralizar o déficit global. A ANRPC alerta que juros elevados e riscos macroeconômicos podem, contudo, moderar o consumo nos próximos trimestres. Para players brasileiros, o momento exige cautela estratégica: monitoramento de preços, revisões de contratos de fornecimento e hedge financeiro.
Sob a ótica de competitividade, a ascensão da mobilidade elétrica na China apresenta oportunidades e riscos. Os fabricantes de pneus que investirem em compostos avançados e atestarem rastreabilidade (compliance ESG) poderão capturar prêmios em mercados premium. Já quem depende de borracha importada pode enfrentar custos mais altos e gargalos logísticos. A previsão da ANRPC evidencia que a lacuna entre oferta e demanda tende a persistir em 2025. Nesse contexto, produtores brasileiros devem intensificar investimentos em produtividade, adoção de tecnologias climáticas, digitalização de processos e alinhamento com regulamentos como o EUDR, garantindo acesso a cadeias globais sensíveis a sustentabilidade.
Em síntese, a revisão de projeções da ANRPC e a explosão da demanda chinesa por veículos elétricos reposicionam o mercado de borracha natural em 2025. A capacidade de compreender esses movimentos e ajustar estratégias será determinante para os stakeholders da heveicultura manterem competitividade e capturarem valor num cenário de escassez e inovação.
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