Preço de referência da borracha natural cai 3,4% em agosto de 2025, aponta IEA

O Instituto de Economia Agrícola fixou o preço‑referência de importação da borracha natural em R$ 12,71/kg para agosto de 2025, queda de 3,4 % ante julho. Neste artigo, analisamos as causas da retração, comparamos o desempenho ao longo do ano e destacamos recomendações ao produtor para 2025.

Preço de referência da borracha natural cai 3,4% em agosto de 2025, aponta IEA

Introdução

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) divulgou o valor de referência para negociação da borracha natural em agosto de 2025. Esse indicador serve como parâmetro para contratos de compra e venda no estado de São Paulo, balizando o mercado local e refletindo as tendências internacionais. Em agosto, o preço‑referência do TSR‑20 fixou-se em R$ 12,71 por quilo, representando uma queda de 3,4 % em relação a julho. A seguir, apresentamos uma análise dos números, as causas da oscilação e as implicações para a heveicultura.

Resultado de agosto de 2025

De acordo com o IEA, o preço‑referência para importação do TSR‑20 em agosto de 2025 ficou em R$ 12,71/kg, com índice de 150,38. Este valor considera custos de importação, taxa de câmbio, fretes marítimos e prêmios aplicado

Comparativo com meses anteriores

A tendência mensal de 2025 revela forte volatilidade:

  • Julho/2025 – R$ 13,16/kg: alta de 0,9 % em relação a junho; refletiu recuperação dos contratos futuros em Cingapura e estabilidade do dólar, enquanto fretes internacionais recuaram.
  • Junho/2025 – R$ 13,04/kg: queda de 4,8 % ante maio; influenciada por depreciação dos contratos internacionais e valorização do real.
  • Maio/2025 – R$ 13,70/kg: aumento de 3,7 % frente a abril; fretes marítimos em alta e câmbio mais favorável sustentaram os preços.
  • Abril/2025 – R$ 13,21/kg: retração de 14,2 % sobre março; queda nos contratos e redução dos custos logísticos.

Este histórico evidencia a sensibilidade do mercado aos preços internacionais, à variação cambial e aos custos de frete. A queda de agosto anulou parte da alta de julho e sinaliza um movimento de correção após o reajuste do mês anterior.

Fatores que explicam a queda

A retração do preço em agosto pode ser atribuída a vários fatores conjunturais:

  1. Contratos futuros e demanda externa: os futuros negociados em Cingapura e Tóquio recuaram ao longo de julho, refletindo cautela dos compradores asiáticos diante de incertezas macroeconômicas e menor demanda por pneus.
  2. Câmbio e política monetária: a valorização do real diante do dólar reduziu o preço de importação em reais; simultaneamente, a expectativa de manutenção de juros elevados no Brasil limitou movimentos especulativos.
  3. Fretes marítimos: o índice de frete caiu por conta do arrefecimento do comércio internacional e da recomposição de capacidade logística, contribuindo para reduzir o custo total da importação.
  4. Oferta global: chuvas sazonais no Sudeste Asiático foram menos intensas no início do terceiro trimestre, permitindo aumento da sangria e elevando a disponibilidade de látex e coágulo.

Perspectivas e recomendações

Embora a redução de 3,4 % possa preocupar produtores, os fundamentos de médio prazo apontam para relativa estabilidade, com possibilidade de recuperação no último trimestre dependendo da demanda asiática e da política cambial. Diante desse contexto, o produtor e comprador de borracha natural deve:

  • Monitorar continuamente cotações internacionais e câmbio: utilizar plataformas como o Seringueiro e fontes confiáveis para acompanhar contratos futuros, taxas de câmbio e fretes.
  • Diversificar estratégias de venda: realizar vendas escalonadas e considerar instrumentos de proteção para reduzir riscos de volatilidade.
  • Investir em qualidade e rastreabilidade: adotar práticas de sustentabilidade e de rastreabilidade atende exigências do mercado europeu e agrega valor, especialmente após a entrada em vigor de regulamentações como a EUDR.
  • Acompanhar políticas públicas: acompanhar discussões sobre subvenção e RenovaBor, bem como alíquotas de importação, que podem alterar a competitividade da produção nacional.

Conclusão

O novo preço‑referência divulgado pelo IEA para agosto de 2025 confirma o caráter cíclico e volátil da borracha natural. A queda de 3,4 % ante julho deve ser interpretada como ajuste pontual diante de fatores externos, e não como tendência de longo prazo. Para os agentes do setor, amelhor estratégia continua sendo informação constante, gestão de risco e investimentos que ampliem a competitividade da heveicultura brasileira.