Preço de referência da borracha natural se mantém estável em setembro de 2025, aponta IEA

IEA define o preço de referência da borracha natural em R$ 12,72/kg para setembro de 2025, variação de 0,08% frente a agosto. Confira a análise dos fatores de estabilidade e as perspectivas para a heveicultura.

Introdução

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) divulgou o preço‑referência de importação da borracha natural (TSR‑20) para setembro de 2025. Esse valor é usado como parâmetro nas negociações do setor, servindo de baliza para contratos de compra e venda e refletindo tendências internacionais do mercado de borracha natural. Em setembro, o indicador ficou praticamente estável, sinalizando equilíbrio momentâneo após meses de volatilidade.

Desempenho de setembro de 2025

De acordo com os dados do IEA, o preço‑referência para importação do TSR‑20 em setembro de 2025 fixou‑se em R$ 12,72 por quilo, variação positiva de apenas 0,08 % em relação a agosto, quando a cotação era de R$ 12,71/kg. O índice de referência calculado pelo órgão passou de 150,38 em agosto para 151,16 pontos em setembro, indicando leve recomposição. Apesar do pequeno avanço, a cotação acumula queda de 7,1 % em relação a maio (R$ 13,70/kg) e segue pressionada pelos custos internacionais e pela demanda asiática moderada.

Comparativo com meses anteriores

A trajetória de 2025 evidencia forte volatilidade, com altas e quedas ao longo do ano. A seguir, resumimos os valores mensais:

  • Maio/2025 – R$ 13,70/kg: forte alta de 3,7 % em relação a abril, sustentada por fretes marítimos mais caros e câmbio favorável.
  • Junho/2025 – R$ 13,04/kg: queda de 4,8 % ante maio, influenciada por depreciação dos contratos internacionais e valorização do real.
  • Julho/2025 – R$ 13,16/kg: alta de 0,9 % em comparação a junho; contratos futuros subiram e fretes recuaram.
  • Agosto/2025 – R$ 12,71/kg: retração de 3,4 % ante julho, em meio à valorização do real, queda dos contratos futuros e redução dos fretes.
  • Setembro/2025 – R$ 12,72/kg: estabilidade com leve alta de 0,08 %.

Esse histórico demonstra que fatores externos como câmbio, contratos futuros e fretes marítimos têm impacto direto no preço de referência, exigindo monitoramento constante por produtores e compradores.

Fatores que explicam a estabilidade

A manutenção do preço em setembro resulta de um conjunto de elementos:

  1. Contratos internacionais e demanda asiática: os contratos futuros negociados em Cingapura e Tóquio mostraram sinais divergentes em agosto e setembro, refletindo cautela dos compradores diante da desaceleração da economia chinesa.
  2. Taxa de câmbio: após a valorização do real que derrubou o preço em agosto, a taxa de câmbio estabilizou em torno de R$ 5,40/US$, neutralizando pressões adicionais.
  3. Fretes marítimos: o arrefecimento do comércio internacional e a maior oferta de navios mantiveram os fretes estáveis, contribuindo para a leve recomposição do índice.
  4. Oferta global: chuvas sazonais menos intensas no Sudeste Asiático aumentaram a disponibilidade de látex, mas estoques elevados nos portos asiáticos limitaram qualquer alta mais consistente.

Perspectivas e recomendações

Embora a estabilidade de setembro ofereça um respiro temporário, analistas sinalizam que o mercado continua volátil, condicionado à demanda asiática, ao desempenho do petróleo e às políticas cambiais. A expectativa é de recuperação gradual no último trimestre de 2025, caso o câmbio se mantenha acima de R$ 5,40 e a importação asiática volte a crescer.

Para os heveicultores e agentes da cadeia, recomenda‑se:

  • Monitorar contratos futuros e câmbio: utilizar plataformas como o Seringueiro e outras fontes confiáveis para acompanhar cotações internacionais, taxas de câmbio e fretes.
  • Diversificar estratégias de venda: adotar vendas escalonadas e instrumentos de proteção (hedge) para reduzir riscos diante da volatilidade.
  • Investir em qualidade e rastreabilidade: implementar práticas sustentáveis e sistemas de rastreabilidade, alinhando‑se às exigências do mercado europeu e agregando valor ao produto.
  • Acompanhar políticas públicas: ficar atento a medidas como alíquotas de importação, subvenção e programas como o RenovaBor, que impactam a competitividade da borracha natural brasileira.

Conclusão

O novo preço de referência divulgado pelo IEA para setembro de 2025 confirma a fase de acomodação do mercado da borracha natural. A leve alta de 0,08 % interrompe a sequência de quedas, mas ainda não configura tendência de recuperação robusta. Diante do cenário, a melhor estratégia para produtores e compradores é apostar em gestão de risco, diversificação comercial e aprimoramento da produtividade, preparando‑se para um cenário de maior estabilidade e possível retomada no final do ano.